20 de maio de 2008

Sobre Sexo Seguro e Improvisos

Discutido de diversas maneiras há décadas - com mais ênfase, a partir dos anos 90 - o sexo sem proteção ainda é um problema no Brasil e no mundo. Mesmo sendo um dos mais "batidos" temas a se tratar com os jovens e adolescentes, é absurdo o número de casos de gravidez, aborto e DST entre estas faixas. Isso é ainda mais freqüente entre os adolescentes das periferias das cidades pelo país.

Pensando no provável emergente problema entre nossos alunos, já que o grupo é formado por adolescentes de 11 a 16 anos - faixa perigosa - resolvemos, de última hora, mudar os planos e discutir o tema na Oficina de Cinema. A decisão foi tomada numa reunião na quarta, dia 14 de maio, realizada no antigo prédio da Faculdade de Enfermagem da UNASP.

Há alguns dias, em uma visita ao Instituto Criar (patrocinada pelo Luciano Huck), localizada na Barra Funda, zona Oeste de São Paulo, Thais Guin e Mauro Catanzaro falaram com Fernanda Vidigal, coordenadora pedagógica do projeto. Como estamos no início, toda e qualquer dica vindas de pessoas experientes é mais do que bem vinda. Entre muitos outros assuntos importantes tocados naquela visita, um em destaque foi o uso da PROPAGANDA como meio de entender princípios de Roteiro, além de noção de direção, direção de arte e outros detalhes do vídeo. Pensando nisso e misturando o útil ao necessário, Mauro e Thais levantaram a discussão de usar uma campanha sobre sexo seguro, como aquelas que a TV apresenta em época de carnaval.

Com o apoio dos presentes, entre voluntários e coordenação da Oficina, começamos a pensar na realização daquela idéia. Coincidentemente, alguns amigos haviam feito como trabalho de faculdade uma peça sobre o assunto Sexo. Depois de algumas tentativas de contato com os realizadores da tal peça e problemas de agenda com o grupo, acabamos apelando para improvisação. Usando alguns que participaram da apresentação e outros que tinham apenas assistido, Priscila, nova voluntária no projeto, com a ajuda de outros antigos voluntários correram atrás da nova versão da peça.

Essa era a parte divertida do sábado. Faltava, portanto, a parte séria, a parte “chata” da coisa. Pensamos no óbvio, a boa e velha palestra. Aproveitando estar em uma universidade que tem um curso na área da saúde, procuramos entre professores alguém disponível para a tarefa de mostrar com seriedade o tema. Infelizmente, o tempo era curto (três dias) e não conseguimos ninguém que estivesse disponível para sábado, dia 18.

Num exercício de improviso - ausência de atores da peça e “quase-formadas” fazendo a parte da palestra - a coisa aconteceu (no mínimo, quase) como gostaríamos. Como é regra em todas as atividades de sábado começar com a meditação, dessa vez não foi diferente. Começamos com uma história contada pela Marina Catanzaro, seguida de uma oração, feita pelo que vos escreve, e uma introdução da atividade do dia, apresentada pela Thais.

As performances de Mauro, Tinho, Flavinha e Priscila, interpretando, respectivamente, uma prevenida garota tímida, outra mais saidinha, um “pegador” e o amigo conselheiro, foram hilárias e arrancaram gargalhadas dos visitantes, alunos e voluntários. Com destaque para a frase “esse cabelo não sai da minha boca”, improvisada pelo Mauro e a interpretação caricata de uma "quase-prostituta" de Tinho. Mostraram a história de um inconseqüente e promíscuo garoto que se vê em confusão ao engravidar uma de suas parceiras.

As alunas Luciara e Nancy do último semestre de Enfermagem da UNASP gentilmente se dispuseram a apresentar os perigos do sexo sem proteção. Mostraram as principais doenças sexualmente transmitidas, este com fortes ilustrações, uma apresentação multimídia e até uma polêmica mini-aula sobre como colocar a camisinha, usando uma banana. As alunas aproveitaram para abrir um espaço para perguntas e, com a ajuda da Thais, finalizaram o programa aconselhando sobre a melhor das prevenções contra DSTs, abortos e gravidez não programada: o sexo somente após o casamento.

Ao fim do dia, explicamos como seriam as próximas atividades na Oficina. Alguns vídeos de propaganda da TV, baixados da Internet e alguns exemplos de campanha a favor do sexo seguro foram apresentados pela Thais. O desafio estava lançado. Os quatro grupos apresentarão, até o fim do semestre, uma campanha completa, com direito a propaganda em vídeo, onde, seguindo os conselhos de Fernanda Vidigal, aprenderão os princípios básicos de roteiro e direção.

O nosso agradecimento às professoras Luciara e Nancy, aos atores Tinho, Flavinha e Priscila, à importante visita do Endomarketing da Sonae Sierra Brasil, nas pessoas da Lídia e Arlete e a TODOS os voluntários e visitantes presentes que ajudaram - em especial a minha linda mãe, visitando o projeto pela primeira vez. Incluo na lista de agradecimentos todos os membros da coordenação que vêm desde o começo do semestre passado se virando como podem, entre reuniões e discussões, disponibilizando tempo (inclusive madrugadas em pleno fim de semana), paciência e dinheiro do próprio bolso para este projeto.