27 de outubro de 2009

A alma do artista...

A Oficina de cinema do Projeto Vida Nova atravessa um ótimo momento, e no próximo domingo gravará o primeiro curta-metragem. A correria com os preparativos para a produção impediram que atualizássemos esse blog. Peço desculpas aos que nos acompanham.

Mas em meio à correria, um fato chamou a atenção dos voluntários do projeto, ou melhor, não é um fato, e sim, uma pessoa, chamada Joel.

Joel é adolescente da comunidade do Jd. Amália e frequenta o Projeto Vida Nova já ha alguns anos. O que poucos sabiam é que esse jovem é um grande artista, com inúmeros poemas e sonetos escritos, os quais nunca haviam sido lidos por ninguém, a não ser pelo próprio autor. Diante dessa descoberta, com a autorização do Joel, publicaremos algumas de suas obras nesse blog, pois achamos justo que todos tenham acesso a essas preciosidades.

De tempos em tempos postaremos algumas de suas produções, e de outros artistas que descobrirmos na comunidade do Jd. Amália, e pretendemos criar um espaço específico no Blog para esse fim.

Segue algumas de suas obras:


Adeus forçado

A dor de uma perda
A lagrima que vai sem destino
A vida que não tem mais sentido
O coração que não tem mais batida

O sangue que petrifica nas veias
As mãos que congelam e se tornam gelo
O ar que para de circular pelo corpo
A voz que fica abafada

Um grito de socorro
Que não se ouve
POis o amor de sua vida está morto

Um consolo
Para essa alma que sofre pelos horrores
Pois perdeu alguém querido que faz falta em instantes


Triste espera

Hoje a vejo
Sozinha parece esperar
Alguém que passa no seu pensamento
Alguém que faz parte de sua vida

Você não inspira mais felicidade
Parece estar desamparada
E tudo se esavai com o tempo e com a morte
Nada se equilibra em sua vida que parece errada

Você tinha tudo para ser feliz
E viu isso se perder
O eterno ter fim

Mas nada irá mudar
O fato de você esperar alguém
Que um dia você poderá amar

31 de agosto de 2009

Ventura

Em uma reunião com o MIS (Museu de Imagem e Som de São Paulo), na pessoa do simpático Edwin Perez, ouvimos a frase “as crianças entenderão que todas as peças da engrenagem de um filme são importantes”. Este assunto, com certeza, merece um post a parte, mas escrevo aqui por outro motivo. Algumas horas depois, pensando sobre a conversa, lembrei de outra engrenagem, aquela que move a Oficina de Audiovisual; nós, as peças que tentam (de vez em quando, com sucesso) mover a oficina laranja do Projeto Vida Nova.

Sempre ensaiei escrever sobre esta questão, mas o medo de soar piegas, falso ou político (ok, estes dois quase sempre se misturam), sempre me tirava a vontade de colocar no papel. Sem falar que já escrevi, nos primórdios deste blog, muita coisa sobre o nosso início. Mas o ponto aqui é outro: é sobre Deus – ou, se preferir, a sorte – juntando tantas pessoas especiais de diversas áreas, buscando o mesmo objetivo.

Completamos dois anos neste mês de setembro e seria um erro se esquecer de algum nome que passou por ali (foram muitos) e, por algum motivo justo, saiu, porque todos foram importantes. Porém me cedo o direito de citar os que, hoje, continuam na luta por melhores oportunidades àqueles alunos.

Um matemático que, quase por princípio, evita qualquer risco, com excelentes questionamentos sobre qualquer atividade, projeto ou ideia. Um arquiteto com um grande sonho de dirigir um filme que namora uma designer (e arquiteta) animal. Uma psicóloga que conhece cada criança. Um advogado sempre atento ao que pode (ou não) ser realizado, que tem uma irmã se formando em Meio Ambiente, e namora uma jornalista excepcional. Temos até uma chef com um bom gosto para filmes que é, sem dúvida alguma, o maior exemplo de um bom voluntário. E o círculo aumenta, porque esta conhece um amigo que trabalha na rede Record – que tem um primo diretor de teatro – e uma amiga formada em Rádio e TV que mora em Guarulhos (!). Uma amiga professora de educação física com exercícios de relaxamento (se você conhece nossas crianças, sabe que isso é necessário), que conhece na academia a atriz mais fofa do mundo, que hoje é professora de teatro aos domingos. Uma voluntária que acaba de entrar para o departamento de pedagogia na universidade que estuda. E, por último, mas nada menos importante, um vizinho cheio de boa vontade e muito presente que tem a mãe mais absurda de São Paulo. Sorte? Não. Benção Divina. Pura e simplesmente.

E só cito uma característica de alguns ali, por respeito ao blog – que já tem posts enormes demais. Mas cada detalhe é essencial. Às vezes viajo durante alguma reunião, ouvindo as (quase sempre saudáveis) discussões, pensando o quanto estas pessoas são importantes para o projeto – e, claro, assumindo o tom pessoal deste post, para mim também. É a engrenagem da oficina. São as peças deste tabuleiro. Os ingredientes bem selecionados de uma receita que, humanos que somos, nem sempre sai do melhor jeito.

Por aqui, sempre citamos a importância dos nossos alunos, mas hoje é dia de agradecer a Deus por todos os voluntários que colaboram e colaboraram de forma única e de igual importância nesta Oficina de Audiovisual.

Que todos os nossos sonhos se realizem de acordo com a vontade de Deus.

21 de agosto de 2009

CASO DE DISCIPLINA, Um Olhar Mais Otimista.

Estar perto do outro sem machucá-lo com palavras agressivas, respeitar seu espaço, não invadir, não duvidar, não desconfiar do outro. Ideais e valores que para alguns são de extrema importância, mesmo que seja a longo prazo. No entanto, por mais bonitos que sejam, parecem não ter grande importância para algumas crianças que participam da Oficina de Audiovisual do Projeto Vida Nova. Assim são elas, um pouco desinteressadas, talvez por falta de amor em casa, indiferença, falta de incentivo, entre outras razões que os voluntários chamariam de ''Caso de Disciplina'', um ''Problema Psicopedagógico'', ou mesmo um momento difícil de falta de interesse e de respeito com elas próprias.

Relatando o que ocorreu no último domingo na aula de teatro da Tia Karina Barum prefiro não entrar muito em detalhes. Com poucas palavras você, leitor, já deve entender. Sendo assim, o que não se pode comprar nessa vida é o conhecimento, a sabedoria que para alguém é dado e de alguém é passado. Nós, voluntários, se pudéssemos fazer algo pela disciplina dessas crianças, faríamos com certeza. Mas como não somos profissionais do ramo, buscamos ensiná-las com amor, com tempo, com o nosso tempo, com horas da noite acordados, horas de dedicação e muito raciocínio lógico. Nos dedicamos com idéias artísticas, com olhares pacientes, mesmo que através de uma câmera fotográfica, com muita arte, com boas maneiras, com orientações mais severas quando preciso, com amor pela natureza, pela boa alimentação, pela vida saudável, tentamos ajudá-las com individuais qualidades. Temos consciência que, infelizmente, nem sempre não é o nosso tudo, não é o nosso melhor! Sempre pensamos "está faltando alguma coisa".

Se elas não nos ajudam, não cooperam, tudo isso será em vão? E elas? Sem o conhecimento, sem sabedoria, sem amor e sem nada. O que queremos dar a elas sem ter nada em troca, a não ser o resultado de ver essas crianças mais felizes, mais certas de um futuro melhor, sem que a deixem manipulá-las com idéias que não são delas. Contudo algumas delas também procuram alguma solução. Uma delas, a Aninha, tenta falar por todas elas uma possível solução para essa fase de''Caso de disciplina''.

Abaixo o depoimento da Aninha:

1. Respeitar os amigos
2. Escutar um ao outro
3. Ouvir o que o amigo tem pra falar
4. Não falar mal do amigo

Vida Nova: É importante nos ensinar. Coisas que no futuro vamos usar muito, o respeito com os outros, que estão ao seu redor, aprender a se enchergar e não olhar os defeitos das pessoas, e ficar falando mal dessa pessoa , ouvir a verdade, aprender se está errado ou certo, saber que quando alguém te falar alguma coisa que não quer o bem só pra si mesmo, mas o que se
planta colhe. Você tem que se mostrar melhor para si mesmo e aprender a respeitar com todo o seu redor a ter respeito''. Ass: Anjo da Guarda.




Texto: Daniella Sampaio, voluntária da Oficina de Audiovisual, e Aninha, aluna da Oficina.
Fotos: Daniella Sampaio

6 de julho de 2009

Próximo Passo: Respeito e Amor ao Próximo

Conforme combinado anteriormente, o segundo tema a ser discutido com os alunos da Oficina de Audiovisual do Projeto Vida Nova será, durante o mês de julho, o respeito, e a sua solução, o amor ao próximo. De certa maneira, este é a solução de todo o mal, então, em boa parte dos assuntos abordaremos o amor ao próximo. Afinal, colocando na prática, de forma bem simplória: se amar ao próximo, você não rouba, não mata, não cobiça alguma coisa do próximo etc.


Ao fim do mês passado, já inserimos o assunto com a participação do Franco Aleluia. De uma forma clara e direta, ele contou da importância do respeito para com todas as pessoas - "é fácil respeitar àqueles que nos respeitam", disse. "Precisamos é amar aos nossos inimigos", como Jesus mostrou. Com base num verso bíblico, falou que tudo aquilo que eu faço a alguém será feito, de volta, a mim. Foi uma "senhora aula". Pena que foram apenas seis alunos àquela aula.

Neste último sábado, voltamos a tocar no assunto. Desta vez, apontamos alguns exemplos do cotidiano para mostrar outras situações onde há a falta de respeito. Primeiramente, mostramos a cena inicial de "Sete Vidas", quando o personagem de Will Smith trata desrespeitosamente um atendente de uma empresa que vende carnes. (Spoiler: Se você não assistiu ao filme, pule para o próximo parágrafo) Quem assistiu sabe que, no final das contas, Smith apenas testava o cego interpretado por Woody Harrelson, a quem pretendia doar seus olhos.

O ponto que queríamos levantar, entretanto, além do desrespeito do reclamante, era o personagem do outro lado da linha que manteve a calma e o respeito ao cliente, mesmo tendo motivos para fazer o contrário.

Logo após o trecho do filme apresentado pelo Mauro Catanzaro, Thais Guin mostrou algumas imagens e colocou em discussão o quê nelas demonstrava a falta de respeito. A faixada de um prédio inteiro "grafitada", brigas de torcida, brigas de trânsito, o lixo na Baía de Guanabara, o esgoto entupido na favela, por causa do lixo. Fotos que apresentam a falta de respeito, também indiretamente; atitudes impensadas que prejudicam a alguém que nem conhecemos, falta de respeito com a natureza, o aproveitar da posição de "mais forte".

Próximo sábado, voltaremos ao tema. Desta vez, os oficineiros escreverão e, em seguida, colocarão em vídeo e fotografia situações que causaram ou sofreram falta de respeito.

Até a próxima!

3 de junho de 2009

Teatro

Não gosto de entrar aqui e ver o que já tinha visto; mas até agora não tinha me sentido a vontade pra escrever.. talvez por não estar atualizada das novas regras ortográficas, por falta de inspiração, enfim, motivos não me faltavam, mas sentia minhas mãos correrem para clicar em postar. Então aqui estou. Vou escrever aqui simplesmente meu relato, minha visão e opinião do que vivo na ONG, sem colocar essas palavras como responsabilidade de mais ninguém.

Acho que primeiro preciso explicar algumas coisas, pra ninguém se perder no meio do caminho. Eu sou a Pam, a mesma da exposição da ONG no Shopping Campo Limpo. Confesso que não tenho um contato frequente com as crianças, mas sei exatamente como andam as coisas. Apareço lá para fotografá-las, pra ajudar em algumas atividades, mas esse não é o meu trabalho. Na Oficina de Cinema sou responsável por organizar os bastidores das coisas, procurar eventos, criar formas de apresentar nosso trabalho pro mundo de uma forma graficamente mais bonita (mas estou apenas começando com isso! muita calma que tem muita mudança pela frente!). E invento moda de vez em quando!

Mas enfim, vamos ao que interessa.
Desde o dia 29 de março, a atriz Karina Barum contatada pela Teti (voluntária mais que fofa) está gentilmente ministrando todos os domingos, das 10 as 12h aulas de teatro pra criançada da OC. Apareci por lá por apenas um dia, mas pelos comentários dos voluntários Fabi e Carioca, temos alcançado alguns resultados muito bons (e também algumas pérolas das crianças que jamais esqueceremos). É legal chegar por lá e ver as crianças todas compenetradas, por vezes interpretando, por vezes cantando... (e tem sido nesse que estamos presenciando as revelações!)  Abaixo, vc pode acompanhar alguns momentos:


Hora de cantar


Interpretando

Lendo poemas

Aquecimento

Alguns participantes das aulas

A Karina também conseguiu com a maior boa vontade do universo, para que os participantes das aulas de teatro fossem assistir a peça Cinderella, em cartaz no Teatro União Cultural neste domingo que passou (dia 31). Ao final da peça, elas puderam conversar com os diretores e atores da peça, e pelas fotos também abaixo puderam se divertir horrores!

Com a Cinderella

Com uma das irmãs malvadas

Com a Fada Madrinha

Com o Príncipe

Créditos de fotografia: Daniella Sampaio, Pamella Hein (voluntárias da OC)

E como o post já ficou enorme, paro por aqui. Tem muito mais coisas boas pra falar, mas nada como outro post pra dar uma movimentada, pra não misturar os assuntos... =P
Inté! 

22 de maio de 2009

Sobre Voluntariado (ou Procura-se Voluntários)

Há alguns anos, eu era bem avesso às ONGs e afins. Essa afirmação pode até surpreender algumas pessoas que me conhecem, porque me vêem, hoje, envolvido em dois projetos sociais, sendo um de forma ainda distante.

Sempre senti uma pontada no coração ao ver algum pedinte na rua, principalmente quando é criança. Ouço ainda hoje os gritos de algumas delas pedindo dinheiro na BR 101, quando me mudava para a Bahia, em 93. "Dá um dinheiro aí", elas gritavam. A vegetação e o clima ajudavam a cena, e trouxeram um tipo de trauma até pouco tempo atrás. Eu tinha oito anos. Acho que todo mundo já passou por essa fase de compaixão. Algumas continuam nela, outros crescem e começam a fazer alguma coisa e outros regridem, chegando ao nível de tocar sua vida sem muito se importar. Mas a ideia de uma organização “terceirizando” a ajuda ao próximo - algumas funcionam dessa maneira -, tirando, assim, a tão importante "mão na massa", não me atraía e acabei desperdiçando algumas oportunidades.

Outro ponto é que essas ONGs são, em sua maioria e quase por definição, baseada em trabalho voluntário. Falando de Vida Nova, acrescenta-se, aí, a cidade: São Paulo. Um trânsito que te “rouba” umas duas horas por dia (chutando baixo), faculdade, trabalho, TFG, família e, claro, lazer - cinema, barzinho, descanso, namoro, igreja, CQC etc. E é disso, o voluntariado, que quero falar. E já peço desculpas pela introdução que saiu maior que o imaginado. Aproveito o momento pra dizer que este post é de responsabilidade minha, falo por mim, não por outros voluntários ou, muito menos, pela ONG.

Não quero reprisar como essa Oficina caiu em nossas mãos (isso, você encontra, respectivamente, aqui e aqui). O que importa é que, nos primórdios, tínhamos algo próximo de 35 voluntários. 35 pessoas para 25 alunos. Mais de uma pessoa (uma normal e uma anã) per capta. Era um grupo formado por universitários, estagiando ou só estudando, e alguns formados, já trabalhando. Fazíamos reuniões na ONG, na igreja, nas salas da universidade, pensando no que faríamos no próximo sábado. Sem muita organização – tempos depois, perceberíamos que deveria haver departamentos, mas isso é outro assunto. O que eu não sabia era que alguns estavam ali com outro objetivo, que não aquele de ajudar aquelas crianças e suas famílias. Triste. Isso se fez perceber quando em poucos meses, o número havia caído muito, ficando próximo de 1/3 do inicial.

Quem sou eu pra julgar, o que realmente aconteceu. Tenho algumas opiniões, é verdade, não quero nem começar a citá-las. Havia outras oficinas (música, lúdica, artes, das mães etc), então, não era algum descontentamento com a nossa, porque se isso fosse, poderiam se mudar para outra – sinto que já estou começando a julgar –, se tivessem entendido o verdadeiro sentido de estar ali. Curiosamente, o grupo era formado por “recém-universitários”, divididos quase milimetricamente em masculinos e femininos. Não é difícil imaginar o motivo que os movia. Notando que o grupo diminuiu, algumas pessoas e eu saímos à procura de alguns destes, sugerindo a estes a divisão do grupo para não só “desmuvucar” a sala, mas também para deixar alguns finais de semana livre para alguns, usando do bom e velho revezamento. Note que esse tratamento geralmente vem de quem precisa de um favor, o que não era o caso, mas obtínhamos respostas como se fosse. Não adiantou. A moda chegara ao fim.

Seria injustiça da minha parte não lembrar que nesse ínterim um grupo pequeno, especialmente um casal, chegava para ajudar a oficina. E ajudou muito, até uns meses atrás – quando outro projeto social o atraiu. E, ao fim do ano passado, quando pensávamos ter um número grande, e com a intenção de envolver a todos diretamente na coordenação – vale lembrar que esta era com base na disponibilidade e vontade de quem quisesse ajudar firmemente, nunca uma preferência por chegada, altura, idade, cor, tom de voz, time de futebol preferido, era natural. Acabou não dando certo, quando o ano começou, pois tivemos mais perdas.

Não vou colocar o número de pessoas que temos “na ativa”, pra não correr o risco, novamente, da injustiça. O importante é:

ESTAMOS PRECISANDO DE VOLUNTÁRIOS.

E, abrindo o coração, isto é urgente e, se não resolvido, o resultado vai ser o pior. Conversando com outro amigo da oficina, ontem, notamos que não pensamos, também por erro nosso, num tipo de, por falta de palavra melhor, herança, aquele “passar a bola”. Até já foi levantada a discussão em algum momento, mas nunca com a devida atenção. Afinal, em algum momento, a vida nos levará a outro lugar. Sem falar em algum projeto que julgaremos ser mais importante, ideal ou visualmente, em algum momento da nossa vida, estudos ou qualquer outro tipo de limitação que provirá da nossa não onipresença.

Não quero voluntários de moda – volto, aqui, pra primeira pessoa do singular, pra assumir o risco de qualquer má interpretação e ciente de que não sou ninguém pra “querer” alguma coisa, sou apenas um ajudante, mas que sabe o quão alguém “em cima do muro” atrapalha. Precisamos, ali, de pessoas que entendam a importância do projeto, a importância nossa praquelas crianças, praquelas famílias, que vejam a real possibilidade, se empenhados estivermos, de fazer uma grande diferença na vida daquelas pessoas. É lamentável que tanta gente passou por ali e não notou essa importância ou “colocava a camisa da ONG” para usar de perfume.

Não é tão difícil, mas não é fácil. Exige uma parte do seu tempo, exige vontade, noção da responsabilidade. É coração, mas também razão (soou piegas, mas é isso).  Vai diminuir o sono da tarde de sábado ou o da manhã de domingo, uma parte da semana, um abraço a menos da filha, um passeio a menos com a namorada. Vai se desanimar de vez em quando. E poderia escrever mais um parágrafo com esses pequenos sacrifícios. Não acho que seja necessário apontar, aqui, os pontos positivos. Talvez seja melhor que venha sem expectativa, se entregue sem esperar nada. O resultado disto, como um efeito dominó, você nunca verá, só sentirá. 

Lidamos com vida, com cidadania, com valores, com a busca da vida eterna (o não cristão, agora, deve se assustar). Falando nisso, não quero que entenda, você que ainda está lendo, que prego aqui um contrato vitalício com a ONG. Quase plagiando um pensador, que seja de todo o coração, enquanto estiver lá.

Deturpada, exagerada ou não, essa é a ideia do Fagner, eu, sobre o voluntariado. Até a vida me mostrar outro projeto "maior" ou, por outros motivos, deixar a ONG (tem que ser algo muito bom), continuarei tropeçando, errando e tentando acertar com isso que chamo de trabalho mais gratificante do mundo

Atualização: E você, voluntário ou não, o que pensa do voluntariado?

9 de abril de 2009

O valor da verdade

A intenção era passar alguma certeza, algum fundamento sobre o qual os adolescentes da Oficina de Cinema pudessem passar a construir suas trajetórias: a verdade!
Afinal, o que é a verdade, o que é “a coisa certa a se fazer” em determinadas situações? Ética. Em que consiste?

Um homem rico passando pela rua deixa cair uma nota de vinte reais no chão. Uma pessoa necessitada observa a nota caindo e, sabendo que é exatamente a quantia que necessita para completar o valor do aluguel da casa onde mora com sua família, entra em um dilema. A cena congela e os adolescentes da Oficina de Cinema estão encarregados de determinar a continuidade da situação apresentada.

A discussão começa acalorada e convictamente a maior parte da sala defende que o certo a fazer é pegar o dinheiro e garantir naquele mês a moradia para sua família, afinal “esse dinheiro não fará falta para aquele homem que era rico”. Outra parte da classe, uma minoria, era a favor da devolução do dinheiro, pois poderia ser que por um bom ato houvesse uma recompensa.

Argumentos e contra-argumentos acalorados pautaram a discussão, e os voluntários se encarregavam de manter a ordem e instigar a reflexão daqueles indivíduos que talvez pela primeira vez paravam para analisar friamente uma situação como aquela.

Após a exposição dos motivos de cada um para a defesa de seu ponto de vista, os voluntários Franco e Samuel levaram os adolescentes a uma profunda reflexão. Apontaram o perigo do pensamento: “O homem rico não sentirá falta” e também do raciocínio “Farei o certo, pois receberei uma recompensa”. “O homem rico não sentir falta” pode ser o princípio de pensamentos criminosos que, com o perdão de algum exagero, podem justificar até um assalto. Quanto ao “...receberei uma recompensa” nem precisamos mencionar a frustração que tal pensamento pode trazer, afinal, e se essa recompensa nunca vier?

Sem respostas para essas questões e vendo que muitas vezes a racionalidade não possui respostas para tudo, os adolescentes, que neste momento faziam um silêncio sepulcral, foram levados a meditar nas verdades apresentadas pela Bíblia: a ética cristã, da qual são adeptos os voluntários do Projeto.
A dignidade do dinheiro recebido pelo próprio trabalho, a obrigação de cada indivíduo ter para si apenas o que é seu por direito, independentemente das conseqüências, foram ali quase “simploriamente” demonstrados por meio dos relatos constantes dos evangelhos (“Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”).

O dia de amanhã pertence a Deus. Ele é quem promete guardar seus filhos quanto ao que comer e ao que vestir. Quanto a nós, no dia de hoje, cabe fazer a coisa certa. Esse foi o valor absorvido pelos adolescentes naquele sábado, o qual pode dar um rumo totalmente diferente às suas vidas. Para isso temos lutado.

8 de abril de 2009

Sobre Teatro, Ânimo e Primeiros Dias do Ano na OC

Em semana de feriado, achei interessante atualizar o blog da oficina, que anda meio empoeirado. E não é por falta de assunto - nossos primeiros dias do ano ali na ONG foram especiais e marcados por pontos positivos em sua (quase) totalidade. O grande problema, como sempre, é o tempo - uma das falhas do voluntariado -, por isso peço perdão, em nome dos voluntários que escrevem aqui, pelo sumiço.

Desculpas dadas, vamos aos fatos.

No primeiro dia, o já distante 7 de março, a aula contou com uma presença muito especial. Jornalista da Rede Record de Televisão em NY - na parte de correspondência internacional -, e amigo da voluntária Fabiana Vaz, Guy Jr. estava de férias em São Paulo e aproveitou para visitar e, de tabela, dar a primeira aula do ano. Sorte nossa e daqueles alunos, pudemos ouvir belas experiências e entender a importância da verdade ou, num termo mais jornalístico, de checar a informação. Curiosamente, este assunto estava em nossa lista de "temas para abordar no ano de 2009", lista esta discutida uma semana antes em reunião de voluntários. Não bastasse a bela aula, o jornalista nos conta da possibilidade de, regressando em definitivo ao Brasil, participar mais diretamente da nossa ONG.

Pegamos carona com o Guy e mantivemos o assunto Verdade no sábado seguinte, dia 14. Aproveitamos um conto antigo - do gentio que, ao contar uma provável não verdade sobre alguém, recorre ao monge, que o faz esvaziar um travesseiro no topo da colina pra, em seguida, recolher pena por pena - para introduzir as consequências de se contar uma mentira (ou um fato duvidoso). Tal conto, é bom meritar, veio à nossa memória graças ao excelente filme "Dúvida", com Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman, onde este é um padre e conta em sua paróquia, numa inspirada interpretação, o quão inalcançáveis são os reparos de uma mentira contada.

A história, na verdade, era apenas um exemplo. Demos, então, carta branca aos alunos para contar alguma fofoca que tenha prejudicado alguém. Dividimos a sala em 4 grupos, e cada um ficou com uma ferramenta - fotografia, fotografia com texto (lembrando os quadrinhos), vídeo e rádio-novela. Após um planejamento, com suporte de alguns voluntários, mãos á obra. Por falta de tempo, os grupos apresentaram seus trabalhos apenas no outro sábado, quando pudemos notar que o grupo voltara mais animado e comprometidos que o ano passado. Um sucinto vídeo de 1min30s, as fotografias, todas bem enquadradas, graças às aulas do ano passado e ao talento dessa garotada, e o improviso na rádio-novela. Tudo muito bem feito.

Meu tempo acabou por aqui. Amanhã, postamos os dias seguintes a estes dois sábados. Inclusive, contaremos sobre o "Teatro" do título.

Grande abraço.

16 de janeiro de 2009

Oficina de Cinema - Projeto Vida Nova 2009

De fato, o ano de 2009 começou há alguns dias, e é verdade que não há muito pra falar sobre a OC versão 2009 - há muito o que fazer neste início de ano, isso sim. Porém, apenas para deixar o CinemaFranco ainda "vivo", resolvi passar por aqui.

Por ora o que temos a dizer é que ao fim do ano passado, com o objetivo de otimizar a coordenação da Oficina, toda a equipe de voluntários foi dividida em departamentos. Uma coisa óbvia e que, na teoria, funciona muito bem. Aqui, com certeza, com muito comprometimento de todas as partes, funcionará também na prática.

Provavelmente, novos alunos aparecerão, como é comum nessa parte do ano, muitos mudarão de oficina (àqueles que não conhecem o projeto, as oficinas são divididas por idade), outros, infelizmente deixarão o projeto, enfim, muitos novos desafios. Portanto, boa sorte pra todo mundo.

Um excelente 2009 a todas as crianças do Vida Nova e a todos nós voluntários!!!