20 de março de 2008

15 de março, terceiro dia na OC

Atuações surpreendentes e uma clara melhora em algumas deficiências verificadas em atividades anteriores, como a timidez em falar em público, marcaram o terceiro sábado da Oficina de Cinema do Projeto Vida Nova.

Aproveitando o ensejo do feriado de Páscoa na próxima semana, foi desenvolvida pelo Wesley Modro, uma atividade pela qual se pôde verificar um alto grau de entusiasmo entre os participantes, com um resultado muito satisfatório no que tange ao desenvolvimento das aptidões relacionadas com alguns aspectos fundamentais do cinema, como atuações, figurinos etc.

As crianças foram divididas em dois grupos de 11 pessoas, recebendo cada um dos grupos uma missão diferente. Um dos grupos, liderado por mim, Mauro, e pela Thais, ficou incumbido de encenar a história da páscoa descrita no Velho Testamento. Na primeira parte da Bíblia, Moisés, a mando de Deus, pediria ao Faraó a libertação de seu povo, que vinha sendo escravizado pelos egípcios. Vale ressaltar as impressionantes performances do pequeno Wellington como libertador de Israel, e do Victor, como o agora inimigo de Moisés.

O outro grupo, liderado pelo Wesley e Sthefanie, ficou responsável pela encenação da história da Páscoa adaptada à realidade do cotidiano das crianças. A intenção era fazer um paralelo entre a páscoa bíblica e a "páscoa" contemporânea. Na história, criada pelo Wesley, à semelhança de Moisés na Bíblia, o personagem Carlos deseja mudar de vida, sair da favela e buscar um lugar melhor para sua família. Impedido pelo traficante com quem havia crescido, ele consegue sua libertação com a ajuda de Deus.

Muito estimuladas pela promessa de uma boa premiação para quem levasse mais a sério e melhor interpretasse os papéis que lhes foram incumbidos, as crianças se demonstraram entusiasmadas, ajudando na confecção dos figurinos, nos "efeitos especiais" a serem utilizados no momento das 10 pragas, decorando suas falas, e superando a própria a timidez.

Após os ensaios, cada grupo apresentou sua respectiva peça perante o outro grupo e os voluntários, e o resultado foi melhor que o esperado, um raro silêncio na platéia, e muitos talentos revelados no momento das atuações.

A cada sábado temos tido a grande oportunidade de verificar as principais deficiências das crianças, na maioria dos casos relacionadas com a auto-estima ou algum tipo de revolta pelas difíceis condições sociais em que se encontram, sobre as quais estamos trabalhando, com a intenção de saná-las. Mas, acima de tudo, temos verificado diversas virtudes, talentos e muita vontade de serem pessoas melhores, melhora esta, sensível a cada encontro.

10 de março de 2008

8 de março, segundo dia na OC

Pontualidade (dos alunos), participação especial, colagens e muita criatividade fizeram desse sábado o dia mais proveitoso na Oficina de Cinema do Vida Nova. Numa dinâmica apresentada pela Thais Guin e o Mauro Catanzaro, as crianças aprenderam um pouco mais sobre como criar uma história.

No lugar do falatório do primeiro dia, o casal colocou a criançada para trabalhar. Para facilitar o entendimento, os professores mostraram no início da aula a história de Sansão. O rapaz que tinha forças no cabelo e que se perdeu por causa da mulher traidora foi contada com colagens retiradas de antigas edições de "
Rolling Stone", "Veja", entre outras.

Explicada a tarefa, os alunos foram divididos em grupos de três. Foram entregues também, para cada grupo, as ferramentas necessárias para o exercício, cartolinas, tesouras e cola, além das revistas. Com várias publicações trazidas pelos voluntários, os alunos deveriam criar, colando em uma cartolina, histórias com início, meio e fim. Além disso, eles deveriam nomear cada personagem principal.

Cerca de 50 minutos foram necessários para todas as crianças entregarem a tarefa. E, diante de todos os colegas, os futuros roteiristas contaram suas histórias. Algumas muito criativas, por sinal. Outras, apenas boas, mas todas bem realizadas com um ânimo raramente visto entre eles. No final, dois grupos foram escolhidos pelos voluntários presentes para receber o prêmio trazido pela também voluntária Fabiana Oliveira.

Com essa dinâmica, foi possível notar um importante exercício, aliás muitos exercícios, que teremos que realizar de alguma forma com todos esses alunos: a vergonha de falar em público, a timidez.

6 de março de 2008

1º de março, primeiro dia na ONG em 2008

Depois dessas férias, de certa forma, inúteis para a oficina, já que os organizadores estiveram alguns envolvidos em viagens, outros em procurar casa pra morar (o que vos fala, por exemplo) e o resto ficou incomunicável, voltamos, enfim, para as atividades. Animados, é claro. Alguns alunos internos estiveram presentes em uma reunião durante a última semana de fevereiro e tivemos outras realizadas com a coordenação, e isso serviu, no mínimo, para nos dar ânimo.

Na última conversa que tivemos com os voluntários novos foi definido que o primeiro dia teríamos uma "entrevista" com cada criança do projeto. Tarefa criada (e que seria apresentada) pelo Wesley Modro. Na correria da semana, acabamos por esquecer que se a conversa seria com cada criança, individualmente, precisaríamos, então, de uma segunda atividade para aqueles que estivessem esperando. Então, lembrei de um capítulo do "Manual do Roteiro" onde o autor Syd Field, guru dos roteiristas para alguns, conta que em uma de suas aulas de roteiro fez uma dinâmica bem interessante.

A dinâmica é simples: com apenas um dado do personagem principal, montaríamos junto com os alunos uma história. Simples, mas com certa coerência. Então, comecei. "Temos uma criança em São Paulo". Pronto, a trama (se é que posso tratar assim) é trabalhada em cima disso. Já deve estar pensando que era uma tarefa muito difícil para as crianças. Mas não, ainda bem. O resultado serviu, no mínimo, para perceber o interesse de muitos ali por esse lado. Todos ajudaram, alguns mais outros menos, a contar a vida de Alex (nome sugerido por todos). Um aluno especificamente chamou a minha atenção (e, no final, percebi que não havia sido só a minha). Mas além deste, outros 5 ou 6 também ajudaram muito na primeira noção de roteiro da oficina.

Quanto a dinâmica do Wesley, não foi possível chegar ao fim, já que tínhamos pouco tempo. Mas isso era previsto, já que a média de tempo/aluno era de 10 minutos. E a nossa oficina no sábado só funciona por 1h30min. Isso o próprio Wesley, também do CinemaFranco, escreverá aqui, assim que forem realizadas todas as entrevistas.

Obrigado, Cinema Com Rapadura








Quando criança, eu era louco para ser crítico ou diretor de cinema. Criança digo desde os 12 anos, vai (até admito que pagava pau para o Rubens Ewald Filho que hoje, até respeito o conhecimento, mas como crítico e cineasta ele é um ótimo...cinéfilo?) A coisa ficou mais séria quando comecei a ler a
SET, revista que me acompanha desde pequeno. Acabei, então, por conta da revista principalmente, me interessando mais pela primeira opção, pois sempre apreciei as críticas da revista, com destaque para as do Sadovsky e do Rodrigo Salem.

De lá pra cá, muita coisa mudou. Vi que essa área, profissionalmente falando, era meio arriscada. Ainda mais para um mocinho que morava em Ituiutaba, região do triângulo mineiro. Conhece algum crítico de lá? E cineasta? Não? Como assim? Ok, nem eu. Então descartei para meu futuro o jornalismo e o cinema. Foi quando conheci o computador mais a fundo e acabei vendo que não seria má idéia passar o resto da vida em frente a uma tela, menor e menos emocionante, mas ainda era uma tela. Além do mais era uma coisa mais... real, vamos colocar assim.

Calma, não vou fazer uma auto-biografia enorme. Vou pular a parte da Bahia, a de BH, as minhas expulsões, meus cachorros e o início da minha vida em São Paulo. Até porque o objetivo aqui é outro, o que você percebe pelo título.

O Cinema Com Rapadura

Trabalhando com computação, aproveitei para, sempre que sobrava um tempinho, butucar algum sites de cinema. Omelete, CinemaEmCena, alguns sites americanos e, lógico, o CinemaComRapadura. Este site cearense era o que mais me chamava a atenção. Nunca parei pra pensar porquê (isso, necessariamente, não significa que não tenha motivo, apenas não parei pra pensar nele). Até que um dia, no ano passado, O CCR informou que iria abrir vagas para colaboradores. Como eu tinha um Multiply onde já colocava minhas viagens "epifanescas", outras de música e, principalmente, cinema, enviei o link junto à algumas outras informações que pediam para enviar. Para a minha felicidade, acabei entrando.

Diego, o editor, teve trabalho comigo. Eu não sabia de regra alguma de publicação e demorei algumas muitas semanas para aprender. Na verdade, até hoje não sei muito disso. Agora, poucos meses depois, com o meu maior envolvimento na Oficina de Cinema, acabo decidindo sair. Ainda tentei enrolar um pouco por algum tempo, mas prejudiquei a equipe, principalmente o editor. Com essa fase de correr atrás de patrocínio, recursos e voluntários para oficina é impossível conseguir pensar em outra coisa, isso que já tenho trabalho e faculdade para pensar.

Não quero superestimar minha participação no site. Mas é incível o quanto aprendi. O quanto hoje entendo mais daquilo que gosto. Lógico, isso devo a SET e aos livros que venho lendo também, mas é inegável o prazer que tinha de ver meu nome na parte da equipe de um site de cinema como co-redator. Grande coisa e até diria que passei desapercebido em meio a alguns ali muito bons. Nem crítica eu cheguei a fazer. Fiquei apenas nas notícias.


Ainda escrevi umas duas matérias para a parte "Zoeira" (a "Ilustrada" da Folha) do jornal "Diário do Nordeste", o que me deixou bem feliz. Mas queria agradecer "blogamente", mesmo com os ainda poucos visitantes do CinemaFranco, ao CCR pela oportunidade. Diego, Laís, Jurandir e todos os outros da equipe. Diego, desculpa pelos atrasos no relatório. Laís, acho que iremos ainda nos ver esse semestre ;). Não fiz grandes amizades, nem tive grandes momentos. Eu considerava grandes momentos as matéria que iam para a parte de destaque do site.

Só queria deixar aqui gravado o quão foi interessante a época que passei lá. Saio com a vontade de, quem sabe um dia, aparecer ali na parte de matérias, não como redator, mas como notícia. Sonhozinho besta, mas bem interessante, vai...

Um grande abraço a todos do CCR e, novamente, muito obrigado.