11 de abril de 2008

Nos embalos de Syd Field..

No dia em que o cinema perdeu um de seus maiores personagens, o ator americano Charlton Heston, mais conhecido como “Ben Hur”, nossa oficina começava a criar seu primeiro de forma estruturada e mais complexa. Enquanto uns nascem e outros se despedem, a Oficina de Cinema do Projeto Vida Nova se esforça cada vez mais para transformar as crianças do Jd. Amália em personagens de sucesso de sua própria história.

A idéia de trabalhar com criação e conhecimento de personagens tomou forma em uma reunião realizada na casa do Mauro (“O Labirinto do Fauno”), onde estavam presentes Marina (“Na Natureza Selvagem”), Samuel (“Scanners”) e Thais (“O Plano Perfeito”). O tema, no entanto, já havia sido discutido em reuniões passadas e foi sobre um pré-cronograma montado por Fagner (“Billy Elliot”), que surgiu a tarefa para este sábado.

Após a tímida oração inicial do Jackson, as crianças foram divididas em grupos de 4 participantes, identificados com fitas coloridas de cetim. Foi passado, então, um trecho do filme “Desafiando Gigantes” (EUA, 2006), no qual foi possível conhecer uma parte do personagem principal “Grant Taylor”. Aplicando as técnicas que o roteirista Syd Field apresenta em seu livro “Manual do Roteiro”, orientamos as crianças a criarem a “vida interior” do personagem, ou seja, todos os dados e acontecimentos principais de sua vida, desde seu nascimento até o momento mostrado no filme.

A criatividade e o livre fluxo de idéias foram incentivados, entretanto, elaboramos algumas questões que, obrigatoriamente, deveriam ser respondidas para que a técnica do exercício não fosse perdida na proposta. Entre elas:
- Qual a idade dele no momento em que o filme começa?
- Onde ele vive, que cidade, país?
- Onde nasceu?
- É filho único, tem irmãos?
- Como foi a infância dele, feliz, triste?
- Ele tinha pai e mãe, qual era o relacionamento com eles, eram pais rígidos, amorosos, ausentes?
- Que tipo de criança ele era, introvertida, extrovertida, nerd, popular, etc?
- Estudou ou não? Fez faculdade ou não?
- Se casou, é solteiro, viúvo, divorciado, possui um grande amor, um amor proibido, etc.?
- Qual sua profissão?

O resultado da atividade foi surpreendente e divertido. As histórias, lidas à frente timidamente por uns e contadas com entusiasmo por outros, tomaram rumos trágicos, cômicos e, até mesmo, espelhados na própria realidade em que vivem. Foi o que pudemos perceber quando uma das crianças narrou que, quando os pais de Grant brigavam, a mãe dele batia no pai com uma panela. Todos começaram a rir, pois um episódio idêntico havia acontecido na favela com os pais de um dos integrantes da Oficina. Foi possível perceber, também, a dificuldade com que esses pré-adolescentes enfrentaram a infância, visto que nenhuma relatou esse período de modo feliz ou fácil.

As histórias criadas foram guardadas para que eles possam dar continuidade na próxima semana, abordando, no entanto, a “vida exterior” do personagem, que se caracteriza como o período de vida que se pode ver ao longo do filme.

Apesar do dia chuvoso, do desgaste com algumas crianças e da busca estressante por uma TV reserva (cedida gentilmente pelo Kelvin Bahia), o último sábado foi um dia gratificante, pois pudemos perceber visivelmente alguns resultados dos esforços empregados, como aumento da vontade, disciplina e criatividade nas crianças do Jd. Amália.

3 comentários:

Fagner Franco disse...

aeee, boa, Thais!
não poderia ter título melhor..rs..
espero que continuem atenciosos amanha, na continuacao do tema personagens...

Anônimo disse...
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Fabi [lizatômica] disse...

esses pequenos vão longe...
Beijocas
Fabi